domingo, 28 de agosto de 2011

A HORA DA VERDADE

Existe o momento da verdade, aquele que em que a indagação chega de uma forma muito simples, mas direta. Na verdade, não tínhamos planejado como isto aconteceria, nem ensaiamos de que forma contaríamos a verdade. Desde que chegaram as crianças em nossas vidas, buscamos a forma mais natural e agimos como pais, simplesmente. Isadora desde sempre nos chamou de mamãe e papai e Vitor, aos poucos, foi chamando também, creio que por influência da irmã. Não forçamos nada. Num determinado dia, logo no segundo ou terceiro mês, havia acabado a luz e sentei com eles no escuro, um de cada lado, ficamos bem juntinhos e eu lamentei a falta de luz, pois era o dia em que uma personagem de novela iria dar à luz e Vitor então perguntou: "Igual quando eu tava na sua barriga né mamãe?" e eu, de pronto respondi toda verdade, de uma forma que eu acreditava que seria entendida por eles: "Não filho, vocês não estavam na minha barriga, nasceram da barriga de outra mamãe que ficou doente e não pôde cuidar de vocês, então vocês foram para o abrigo. Um dia eu estava dormindo e Jesus falou no meu ouvido que eu tinha dois filhos no abrigo e que eu tinha que buscar pra junto de mim e aí eu fui encontrar vocês e hoje sou sua mamãe." Vitor (com 4 anos) escutou atento e pensou alguns segundos, mas fez uma expressão de entendimento, já Isadora (com 3 anos) creio que não deu muita importância, acho que nem entendeu o que falei. Como ela tinha apenas 5 meses quando chegou no abrigo e não tinha memória nenhuma da mãe, creio que pra ela sou sua mãe desde sempre. Já Vitor chegou com 1 aninho lá e a mãe o visitou por duas vezes, por isto existe uma memória e até a dor da perda, penso. Bem, logo mudei de assunto e continuamos conversando coisas diversas enquanto não chegava a luz. Passado quase um ano após esta conversa, um dia Isadora (já com 4 anos) viu a foto de uma gestante e disse: "Igual eu na sua barriga", estávamos no estacionamento de um supermercado, peguei-a no colo e contei exatamente da mesma forma que contei a Vitor, desta vez percebi que ela entendeu, quando terminei a história já estávamos entrando no mercado, perguntei se ela queria escolher um biscoito, ela concordou e seguimos sem que a história ganhasse um espaço maior do que deveria. Chego à conclusão que a verdade faz toda a diferença na vida de um ser humano e quanto mais cedo for contada menor será seu efeito negativo, porque os valores  não estão enraizados, não existe ainda as percepções de conceitos e preconceitos sociais. Sinto que pra eles pouco importa se nasceram de minha barriga ou de meu coração, o fato é que sou mãe e meu marido é o pai. Ponto. É só isto que importa, esta família é deles, não interessa como chegaram,  tudo isto lhes pertence por direito. Se alguém perguntar, eles contarão exatamente a história como eu contei, mas isto é só um detalhe!

4 comentários:

MARILENE P S disse...

Rosana, como sempre, as palavras certas no momento certo. Não há dúvidas amor, respeito, verdade, inseparáveis na construção de um caráter.

Cida disse...

Família linda! sempre em meu coração!!!

Charme Papeteria disse...

Nossa, adorei seu blog! Parabens pela linda familia!
Passa lá no meu blog, ta tendo sorteio!

bjus

Telma disse...

Oi Rosana, você teve muita sabedoria ao contar a verdade! Acho que o melhor sempre contar a verdade, se não pode haver revolta na hora que descobrir a verdade. O que importa é que eles sentem o amor e se sentem filhos do mesmo jeito. Seu blog tb está lindão ! Beijos